Neste dia 13 de dezembro, o povo brasileiro e, em particular,
o povo nordestino, celebra o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o rei do
baião. Ícone da nossa terra, ele cantou as maravilhas e os desencantos do povo,
divulgou a cultura, desafiando aquelas sempre vigentes, e viveu as contradições
da sua obra: foi maçom, mas tinha uma grande estima pelo “Padim Padre Ciço” , pela Virgem Maria e por
Frei Damião; venerou exaustivamente a figura do pai “Seu Januário”, mas ele
mesmo não conseguiu reverter esse sentimento, por muito tempo, em relação à
criação do seu filho Gonzaguinha. São apenas detalhes, diante da sua rica e vasta
obra e contribuição cultural.
Reverenciar esse grande personagem é tornar presente o seu
grande interesse pela causa do homem sertanejo, calejado, dependente do apoio
dos “sulistas”; homem forte, de fé, que sempre nutriu a esperança de dias
melhores, com ou sem o apoio dos poderosos, mas sempre confiante na ação do
Criador. Luiz Gonzaga conseguiu o que muitos outros artistas não conseguiram:
sintetizar, nas letras das músicas, todo o sentimento de uma região esquecida,
inexpressível, cujo clamor ele nunca deixou de manifestar.
A celebração do centenário de Luiz Gonzaga motivou uma série
de homenagens ao longo de todo este ano: foi tema das festividades juninas em
várias partes do país; teve sua vida exposta nas telas dos cinemas, por meio do
filme: Gonzaga, de pai para filho; foi uma fonte rica para diversas
produções de documentários para a TV, musicais e de projetos nas escolas,
enfim, todos tiveram a oportunidade de se maravilhar com esse homem simples de
Exu que despontou para o Brasil cantando as coisas da sua terra.
Há 100 anos, neste dia dedicado a Santa Luzia, nascia o rei
do Baião. Como não admirar a obra desse homem, de voz forte e imponente, que
criou a Missa do Vaqueiro? Que se debruçou na contemplação da força do
sertanejo, a maior inspiração para as suas músicas? Que venceu o preconceito ao
cantar diante da elite, tornando-se, por meio de uma expressiva votação, o
Pernambucano do século XX? Orgulha-nos o fato de que a sua obra permanecerá
intacta por muitas gerações e que, a celebração do seu centenário, é apenas a
confirmação da eterna e grata memória daquele que teve uma “vida de viajante”
sem nunca abandonar a vida do seu povo.
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