quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O CENTENÁRIO DO REI - Por Gildo Monteiro Júnior


Neste dia 13 de dezembro, o povo brasileiro e, em particular, o povo nordestino, celebra o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Ícone da nossa terra, ele cantou as maravilhas e os desencantos do povo, divulgou a cultura, desafiando aquelas sempre vigentes, e viveu as contradições da sua obra: foi maçom, mas tinha uma grande estima pelo “Padim Padre Ciço” , pela Virgem Maria e por Frei Damião; venerou exaustivamente a figura do pai “Seu Januário”, mas ele mesmo não conseguiu reverter esse sentimento, por muito tempo, em relação à criação do seu filho Gonzaguinha. São apenas detalhes, diante da sua rica e vasta obra e contribuição cultural.

Reverenciar esse grande personagem é tornar presente o seu grande interesse pela causa do homem sertanejo, calejado, dependente do apoio dos “sulistas”; homem forte, de fé, que sempre nutriu a esperança de dias melhores, com ou sem o apoio dos poderosos, mas sempre confiante na ação do Criador. Luiz Gonzaga conseguiu o que muitos outros artistas não conseguiram: sintetizar, nas letras das músicas, todo o sentimento de uma região esquecida, inexpressível, cujo clamor ele nunca deixou de manifestar.

A celebração do centenário de Luiz Gonzaga motivou uma série de homenagens ao longo de todo este ano: foi tema das festividades juninas em várias partes do país; teve sua vida exposta nas telas dos cinemas, por meio do filme: Gonzaga, de pai para filho; foi uma fonte rica para diversas produções de documentários para a TV, musicais e de projetos nas escolas, enfim, todos tiveram a oportunidade de se maravilhar com esse homem simples de Exu que despontou para o Brasil cantando as coisas da sua terra.

Há 100 anos, neste dia dedicado a Santa Luzia, nascia o rei do Baião. Como não admirar a obra desse homem, de voz forte e imponente, que criou a Missa do Vaqueiro? Que se debruçou na contemplação da força do sertanejo, a maior inspiração para as suas músicas? Que venceu o preconceito ao cantar diante da elite, tornando-se, por meio de uma expressiva votação, o Pernambucano do século XX? Orgulha-nos o fato de que a sua obra permanecerá intacta por muitas gerações e que, a celebração do seu centenário, é apenas a confirmação da eterna e grata memória daquele que teve uma “vida de viajante” sem nunca abandonar a vida do seu povo.
 


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